Atualmente pactuado tanto nos estudos sociais quanto no planejamento governamental, as áreas urbanas são vitais para a organização do território amazônico. Inúmeros episódios relacionados à infraestrutura energética mostram que o governo brasileiro atua a favor de grupos privados para acessar informações e conhecimento sobre este território para viabilizar seus projetos. A malha urbana amazônica é formada a partir de uma sócio-hidro-geografia centenária e cada vez mais complexa à medida que passa a incorporar novas cidades tornadas estratégicas para a Indústria de Barragens (onde grandes barragens estão instaladas ou em instalação). Contraditoriamente, a organização espacial imposta pelos projetos hidrelétricos não responde necessariamente à rede urbana existente. Marcos logísticos que garantem a geração, transmissão e distribuição de energia elétrica no país geram desequilíbrios e disparidades de planejamento regional e de políticas públicas. A falta de diálogo com as empresas e nenhum constrangimento se faz frente a ineficácia das autoridades na garantia dos direitos e necessidades da vida. Tal rede urbana revela a opção por contemplar os mercados internacionais (visando entre vários exemplos recursos naturais como a mineração ou a indústria de barragens). A lógica globalizante acaba fragilizando as relações humanas, mas as iniciativas locais apontam as soluções com maior legitimidade. Este artigo busca abordar novas localidades-chave levando em consideração as últimas usinas hidrelétricas construídas. Esta nova rede urbana não está relacionada com o desdobramento de iniciativas locais e a tomada de decisões é percebida como duvidosa se não espúria. A discussão aborda a malha urbana amazônica frente a processos bastante recentes que incorporam cidades estratégicas para o setor de energia. Uma análise sobre a rede energética nacional, a localização essencial para os negócios envolvidos, a integração efetiva do território e o direito universal de acesso à energia.